COP30: MUDAR O SISTEMA, NÃO O CLIMA! – ISp, Coletivo RECOMEÇO, NOVOS RUMOS

MUDAR O SISTEMA, NÃO O CLIMA!
DE TODOS OS CANTOS DA TERRA A BELÉM

POR QUE ESTAMOS AQUI

A crise climática está se acelerando. As promessas nacionais atuais nos levam a um mundo com aquecimento entre 2,6 e 2,8 °C — uma catástrofe absoluta. Florestas queimam, oceanos aquecem, espécies desaparecem. A desigualdade se aprofunda à medida que enchentes, secas e tempestades destroem a vida daqueles que são menos culpados por esse   problema. Mas as elites poderosas do planeta continuam agindo como se nada estivesse acontecendo! 

A COP30 acontece em Belém — no coração da Amazônia, símbolo de destruição e resistência. Viemos de todos os continentes para exigir uma ação real: não mercados de carbono, não greenwashing, mas uma mudança de sistema.

AS VERDADEIRAS RAÍZES DA CRISE

  • O capitalismo fóssil continua expandindo a extração de petróleo, gás e carvão enquanto o planeta queima. 
  • O desmatamento e a grilagem destroem terras indígenas em nome do lucro, do agronegócio e da mineração. 
  • A chamada “transição energética” está sendo sequestrada: energia nuclear, mega barragens, parques eólicos gigantes que substituem florestas e a extração de minerais críticos agora são apresentados como “soluções” para a crise climática. 
  • O plástico e o lixo sufocam o planeta, enquanto a reciclagem segue sendo um mito conveniente para as corporações. 
  • Os monopólios do agronegócio impõem monoculturas tóxicas e a pecuária industrial, explorando a água, o solo e o trabalho humano.

Isto não é um desastre natural — é uma ordem social e econômica baseada no lucro, na competição e na exploração. Essa é a natureza do capitalismo.

POR QUE AS COPs SÃO UM FRACASSO TOTAL

Há três décadas, as Conferências do Clima da ONU (COPs) falham em deter o aquecimento global. Tornaram-se uma piada. 

Cada cúpula repete o mesmo padrão: grandes promessas, linguagem vaga, nenhuma ação vinculante e novas brechas abertas para as corporações. Da COP26 em Glasgow à COP27 no Egito, da COP28 em Dubai à COP29 em Baku — todas seguiram o mesmo roteiro:

  • Glasgow substituiu cortes reais de emissões por “compensações de carbono”;
  • O Egito anunciou um Fundo de Perdas e Danos vazio, sem financiamento;
  • Dubai — sediada por um executivo do petróleo — recusou eliminar os combustíveis fósseis, apelando apenas a uma vaga “transição”;
  • Reuniões anteriores, apoiadas por regimes do Golfo, permitiram que produtores de combustíveis fósseis dominassem e silenciassem quaisquer dissidências.

Essas conferências servem como teatro diplomático, protegendo os interesses corporativos e as elites energéticas, enquanto silenciam as comunidades atingidas por secas, enchentes e deslocamentos. O problema não é a falta de acordos — é o sistema que os produz, baseado no lucro.

No país e no estado sede do evento, vemos essas contradições de forma bem explícitas.  O Governo Lula que na COP ecoa as palavras contra o uso de combustíveis fósseis, na prática caminha no sentido oposto, e acaba de aprovar a exploração de petróleo na região amazônica, colocando em risco todo o ecossistema da região. O governo do estado do Pará é diretamente ligado ao agronegócio, setor econômico que mais depreda a Amazônia e combate qualquer política de proteção da floresta e do meio ambiente. Devemos deixar isso bem claro pois, como dizia o lutador ambiental Chico Mendes, “ecologia sem luta de classes é jardinagem”. É nesse sentido que o governo brasileiro precisa garantir a reivindicação histórica dos povos indígenas de demarcação de suas terras para evitar a degradação da natureza e garantir a soberania dos povos originários.

Não podemos negociar com quem lucra queimando o planeta.

NOSSA ALTERNATIVA: JUSTIÇA CLIMÁTICA E PLANEJAMENTO SOCIALISTA DEMOCRÁTICO

Para enfrentar de verdade a crise climática, precisamos de uma transformação completa em como produzimos, distribuímos e vivemos.

  • Energia renovável pública e comunitária — sem o “capitalismo verde” privatizado.
  • Fim dos combustíveis fósseis e da energia nuclear; investimento em energia eólica, solar, geotérmica e das marés, em pequena escala e de propriedade local, conforme os recursos e limites ecológicos de cada região.
  • Proteger florestas, rios e oceanos; restaurar ecossistemas degradados através de empregos públicos e trabalho de cuidado ecológico.
  • Proibir plásticos descartáveis e o controle corporativo sobre os resíduos; adotar políticas concretas para eliminar totalmente os plásticos derivados de hidrocarbonetos.
  • Substituir o agronegócio pela agroecologia e soberania alimentar — sementes, água e terra nas mãos do povo, sob controle democrático.
  • Construir transporte sustentável, bens duráveis e economias de reparo — acabar com a obsolescência programada.
  • Ligar as lutas ambientais às lutas trabalhistas, feministas, antirracistas e de justiça decolonial.

SOLIDARIEDADE INTERNACIONAL, AO INVÉS DE  NACIONALISMO

Da Amazônia à África, do Mediterrâneo ao Sul da Ásia, nossas lutas são uma só. O futuro do planeta não pode ser decidido por elites ricas em salas fechadas. Deve ser decidido pelos movimentos — a classe trabalhadora, os sindicatos combativos, a juventude, os movimentos camponeses e sem-terra, os povos indígenas, as organizações feministas e socialistas, cientistas e artistas — unidos além das fronteiras.

NOSSAS EXIGÊNCIAS

  • Plano imediato e vinculante para eliminar os combustíveis fósseis.
  • Proibição de plásticos descartáveis e da lavagem verde corporativa.
  • Proibição da energia nuclear e da extração de minerais críticos que destroem comunidades locais.
  • Cancelamento da dívida ecológica do Sul Global para com o Norte.
  • Investimento público em energias comunitárias e empregos verdes.
  • Proteção da Amazônia e de todas as florestas tropicais; defesa da soberania indígena.
  • Controle democrático da sociedade e das comunidades locais sobre alimentos, energia e água.
  • Não às guerras por petróleo, gás ou minerais críticos.
  • Taxar os ricos. Lutar pela abolição dos bilionários.
  • Nacionalizar os setores estratégicos de energia sob controle e gestão democrática dos trabalhadores e do povo.
  • Solidariedade internacional e luta por um mundo socialista, feminista, ecológico e democrático.

UM OUTRO MUNDO ESTÁ NASCENDO

De cada greve, cada ocupação, cada vale reflorestado, cada acampamento climático, o futuro está brotando.

De todos os cantos da Terra a Belém — trazemos a voz da vida, da justiça e do poder coletivo.

Mudar o sistema, não o clima!


ISp – INTERNATIONALIST STANDPOINT

Uma iniciativa de revolucionários socialistas ao redor do mundo

Coletivo RECOMEÇO – BELEM 

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